Os médicos e a Síndrome de Burnout

Burnout
O Médico

Segundo membros da Câmara Técnica de Psiquiatria do Conselho Federal de Medicina (CFM), pesquisas mostram que 45,8% dos médicos relataram sintomas de Síndrome de Burnout em algum momento da sua carreira.

Burnout é uma derivação da expressão em inglês “burn out”, que significa queimar. A síndrome que leva este nome pode ser identificada por meio de sintomas como esgotamento emocional e físico, despersonalização ou cinismo – manifestando-se por exemplo pelo endurecimento afetivo, excessivo distanciamento das pessoas e tentativas de culpar o outro por suas frustrações, além de baixa realização profissional e autoestima negativa.

Para os especialistas, trata-se de um problema mais comum entre os médicos do que entre outras categorias de trabalhadores. E os mais afetados são os médicos que atuam em especialidades da linha de frente do acesso aos cuidados.

Ou seja, os que sofrem mais diretamente a pressão de pacientes, de familiares e da sociedade, tendo muitas vezes que lidar com cenários de carência em termos de infraestrutura e de recursos materiais e humanos. Neste grupo estão a Clínica Médica, Urgência e Emergência e a Medicina de Família.

Durante os debates do I Encontro Nacional dos Conselhos de Medicina de 2017, os participantes discutiram que os médicos passam por uma crise profissional intensa em todos os sentidos, com agressões governamentais, abertura desenfreada de cursos de Medicina (sem qualidade), remuneração achatada e limitação de instrumentos de trabalho.

Da mesma forma, editorial da revista The Lancet de janeiro de 2017 alertava e chamava a atenção com o título “Suicídio entre trabalhadores da Saúde: agir a tempo”. O texto dizia que no Reino Unido, o burnout entre médicos atingiu proporções epidêmicas e que não era um problema exclusivamente britânico.

Indicava, por exemplo, que nos Estados Unidos a taxa de suicídios era de 200 médicos por ano, marca superior ao dobro da ocorrência entre a população em geral.

“A taxa de transtornos depressivos entre os trabalhadores de Saúde, em comparação com a população em geral, é alarmante e é uma questão que atinge a profissão médica”, confirmava a The Lancet.

Não só os Conselhos de Medicina, mas todas as entidades da classe devem ficar atentas e procurar se mobilizar no sentido de criar ações efetivas na prevenção da Síndrome de Burnout.

Gilberto Ohara é professor afiliado do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Escola Paulista de Medicina da Unifesp e facilitador de Mindfulness pela Universidade de San Diego, Califórnia (EUA)